LINGUAGEM DOS CABELOS


 

Cada tribo ou povo tem uma história, uma cultura, um jeito de se mostrar independente. E os cabelos sempre fizeram parte dessa identidade, tendo cada, penteado uma marca registrada.

Por meio do estilo dos fios, por exemplo, é possível descobrir costumes de cada época, de classes sociais ou de grupos definidos, como os hippies, os yuppies e os punks.

A mudança dos penteados fala muito sobre nós, sobre as mudanças na rotina e na visão do mundo. Às vezes troca-se de penteado para integrar uma mudança interna.

Quando decidimos mudar a cor ou a textura natural do cabelo, estamos a dizer a todos que aquela mudança tem mais a ver com o que sentimos, pensamos e queremos para nós.

Quando uma mulher corta radicalmente o cabelo ou opta pelo megahair, também esta passando uma mensagem. Vale ressaltar que o mais importante não é o que o cabelo representa, mas sim essa mudança, que apenas depende de cada um para realmente acontecer. "os cabelos não desinibem, não erotizam e nem nos recolocam no mundo se nós não alterarmos as nossas atitudes e a postura além do penteado. Enfim, precisa ser de dentro para fora".

Durante a segunda guerra mundial, por exemplo, com a inexistência de salões de beleza, as mulheres precisavam de se adaptar a penteados mais simples. Na mesma época os turbantes ficaram em alta por serem mais práticos e mais baratos que os chapéus. Duas décadas antes os curtos foram muito valorizados porque o figurino da mulher se despojou como um todo.

Na década de vinte as mulheres se emanciparam muito politicamente e começaram a reivindicar um espaço maior na sociedade.

Nos anos setenta surgiram nos salões os secadores portáteis - para salvar a vida das mulheres. Uma década depois passaram a ser disponibilizados no mercado comum.

Em algumas culturas, o cabelo demonstra a posição social, profissional e até mesmo religiosa da pessoa.

Na Roma antiga, por exemplo, o cabelo raspado evidenciava inferioridade já que, na época, apenas escravos, prisioneiros ou traidores utilizavam esse corte.

Já na pré-história, o homem das cavernas se esforçava para tratar e arrumar os cabelos. Achados arqueológicos de pentes e navalhas de pedra comprovam isso. O primeiro apogeu na arte de penteados ocorreu no velho Egito há cerca de 5 mil anos. Perucas sofisticadas mostram habilidade dos cabeleireiros que na corte dos faraós gozavam grandes prestígios.

No século II A.C, na Grécia Antiga, para encontrar um verdadeiro penteado requintado era conveniente dar asas a imaginação e ir até ao topo do Olimpo: espaço reservado aos deuses e deusas. Os penteados ostentavam algumas sobriedades e fantasias, prevalecendo os cabelos louros, frisados, com caracóis estreitos e discretos, com franjas em espiral.

Foram os Gregos que criaram os primeiros salões de cabeleireiro (KOUREIA), em Atenas, construídos sobre a praça pública, o Ágora. Lá, os Kosmetes ou "Embelezadores de Cabelo", escravos especiais, circulavam soberanos. Os escravos cuidavam dos homens e as escravas das mulheres. Vemos que os cabelos, em particular, tiveram sempre o privilégio de um espaço próprio.

Os cabelos eram perfumados com óleos raros e preciosos, matizados com tons tintos ou descolorados, uma vez que a cor mais em voga era a loura. Nos penteados femininos, utilizavam-se faixas e laços por cima dos cabelos lisos e compridos.

Mais tarde, a moda lançou os caracóis e os rolos de cabelos. Os penteados eram enriquecidos com pentes afiados em bronze ou marfim.

Na Grécia Antiga, a moda dos cabelos se mantinha por dois a três séculos. A mudança era rápida na Roma Antiga, onde as esposas dos soberanos eram os exemplos, sendo seguidas por todas. A essa altura, no império Grego-Romano, os Gregos e as Gregas faziam os cabelos dos Romanos e penteavam as Romanas. Nesses salões, discutiam-se novidades e propagavam-se as fofocas. Se antes existiam particularidades regionais, a partir de Luis XIV, a moda francesa dominou todas as civilizações.

No começo do século XVIII, as mulheres casadas usavam uma touca para esconder os cabelos e somente o marido delas poderia ver seus cabelos soltos.

Jornais da moda, nos séculos XVIII e XIX, divulgam os estilos por toda Europa. Seguia-se o exemplo das Casas Reinantes de Paris e Viena, e também de todas elites européias. Os primeiros cabeleireiros para senhoras foram os Coiffures Parisienses, Leonard, Autier e Legros Rumigny, que prestavam seus serviços a Rainha Maria Antonietta e recebiam altos salários.

Começa a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)  e as mulheres substituem a mão de obra masculina nas fábricas. É hora de afrouxar o espartilho, simplificar a beauté e, sobretudo, sonhar com dias melhores. É nesse contexto que a indústria cosmética encontra fôlego para crescer. Surgem produtos inovadores, como o batom em formato bastão e o pó de arroz acomodado em caixinhas – única maquiagem permitida para as moças de família. O cinema começa a revelar promissoras atrizes, que mais tarde ditariam padrões de beleza.

Quando nos anos vinte, a moda exigia cabelos "A Lagarçonne", os partidários do cabelo comprido polemizavam que cabelo curto era vergonha para a mulher. Entretanto, as mulheres, cada vez mais envolvidas na sociedade e no trabalho, não mais admitiam seguir tradições que remota da idade média. Compreenderam que a moda de penteados serve como espelho da mudança social, pois o cabelo reflete atitudes pessoais, artísticas, mundanas e religiosas.

No século XX, surge a figura feminina nos salões de barbeiros, tanto no exercício da profissão, quanto na clientela.

Na Grécia Antiga, as imagens utópicas das divindades mitológicas assumiram um ideal de beleza e perfeição corporal. Essa preocupação estética levou a necessidade de um espaço exclusivo e adequado para o tratamento de beleza, incluindo o capilar. Assim, surgiram os primeiros salões de beleza e a profissão de barbeiro, exclusiva do sexo masculino. Já nessa época, os barbeiros completavam os penteados com falsos cabelos. Os calvos usavam cabelos artificiais e perucas.

Os homens pertencentes à nobreza e os guerreiros apresentavam cabelos compridos, sustentados por faixas, correntes ou condecorações. Os adolescentes copiavam os penteados de Apolo Arquimedes, enquanto os velhos e filósofos usavam cabelos longos e barbas densas, como símbolo de sabedoria.

 






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